terça-feira, 28 de julho de 2009

Aprender a ler e a escrever (Ana Teberosky) p. 42 - 68


A construção do conhecimento sobre a escrita

O texto é baseado em uma perspectiva construtivista (entender como a criança aprende), dedicado a pôr em evidencia as hipóteses infantis durante o processo de construção de conhecimentos, analisando como e o que é conhecido, como e o que as crianças aprendem quando começam a ler e escrever.
São elas:
* Servem para ler – Antes de compreender como funciona o sistema alfabético da escrita, as crianças começam diferenciando desenho de escrita. Sabem que as marcas gráficas são para ler. Porém esses textos devem ter no mínimo, três ou quatro caracteres, e as crianças não aceitam texto com letras repetidas.
* Aqui diz alguma coisa – Uma vez que a criança entende quais são as condições gráficas para realizar um ato de leitura, é possível pergunta-lhe se o texto diz alguma coisa. Ou seja, a criança acredita que um texto tem um significado lingüístico.
* O que está escrito – Para a criança o texto tem a função de denominar os objetos presentes na imagem ou no contexto, ou seja, o texto diz o que é o objeto. De acordo com as hipóteses infantis iniciais, a escrita representa os nomes dos objetos e das pessoas. Trata-se de uma escrita de nomes.
* Diz o nome – Quando perguntamos a uma criança o que diz o texto, ela só fala o nome do desenho, esse tipo de resposta é chamado de hipótese do nome.
* Diferença entre o que está escrito e o que se pode ler – O que está escrito é o que as crianças acreditam que podemos representar pó escrito. E o que se pode ler é mais uma interpretação elaborada a partir do que está escrito.
Resumidamente, nessas hipóteses apresentadas pela autora, as crianças no inicio, pensam que somente pode estar escrito nome de objetos ou de pessoas. Mais tarde, acreditam que as palavras que representam ações também podem ser escritas, e somente posteriormente que partículas gramaticais, como artigos, preposições, etc., podem ser escritas de maneira independente.
Em um determinado momento as crianças começam a utilizar segmentos silábicos para escrever, indicando assim um avanço de etapa, da escrita pré-silábica rumo a uma escrita silábica. Reconhecendo dessa maneira que a escrita é um sistema gráfico que está no lugar da linguagem. Através do procedimento de segmentação da palavra em silabas, as crianças começam a trabalhar cognitivamente com a representação dos sons e chegam a compreender que as letras remetem às partes da palavra, isto é, as silabas.
A primeira relação entre os segmentos silábicos e os valores das letras, realiza-se sobre a vogal, pois as crianças ao analisarem as silabas, descobrem que a vogal é o elemento com maior sonoridade e pode ser pronunciada de forma isolada, diferentemente das consoantes.
Em um determinado momento, as crianças são capazes de realizar uma analise interna da silaba, o que dá lugar a uma escrita silábica alfabética. Posteriormente, a criança fará uma representação exaustiva e sistemática de todos os componentes sonoros da escrita alfabética.
Com isso tudo que já vimos até aqui, está claro que o domínio do código alfabético não é a única coisa que se precisa aprender sobre os textos escritos. As crianças precisam fazer esforços para apropriar-se das estruturas lingüísticas e compreender a correspondência do que é falado com o que se escreve.
Quando passamos a linguagem oral para a escrita, ou vice-versa, encontramos grandes diferenças. Exemplo: os espaços em branco da escrita não têm valor na fala. Pois quando falamos emendamos uma palavra na outra, só pausando nas pontuações (vírgula, ponto final, etc.). Por isso, quando as crianças começam a escrever seus primeiros textos de um modo alfabético, ela escreve tudo junto.
Para não continuarmos formando analfabetos funcionais (que lêem, mas não compreendem o que estão lendo) durante o processo de aprender a ler, deveria ser ensinado as relações entre a grafia e os sons e o reconhecimento das palavras. Pra depois compreender o que se lê, havendo uma interpretação no pensamento, a fim de dar sentido a tudo o que se tinha lido.

Um comentário:

  1. Olá, tudo bem? Gostaria de saber se o livro dá orientações práticas para o professor aplicar em sala de aula. Obrigada!

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