terça-feira, 28 de julho de 2009

Alfabetização em processo (Emilia Ferreiro) p. 09 - 20


Os problemas cognitivos envolvidos na construção da representação escrita da linguagem

A autora questiona como se passa de um estado de menor conhecimento para um estado de maior conhecimento.
Então ela divide a representação alfabética em modos de representação. O primeiro deles é o pré-alfabético, no qual a criança não tem noção alguma do que está escrito , então ela busca fazer a correspondência entre a pauta sonora de uma emissão e a escrita. Depois vem o modo silábico, no qual a criança já reconhece as letras e assim ler silaba por silaba. E o modo silábico-alfabético, quando a criança consegue fazer a leitura completa da palavra.
No processo de alfabetização a criança enfrenta dificuldades com nossa grafia impressa, por serem símbolos não-icônicos (representação gráfica que não mostra imediatamente ao que se refere), representados por pauzinhos e bolinhas, que são chamados de letras e números. Uma mesma combinação só que em posição diferente pode formar vários tipos de letras e números.
Exemplo pessoal:
Já tive uma aluna que foi alfabetizada em uma escola da Prefeitura de Duque de Caxias, lá ela aprendeu a ler e escrever somente com letras e números de impressa. Então quando ela foi fazer a 2ª série em um colégio partícula, no qual eu trabalho, ela não conseguia ler e nem escrever o que eu passava no quadro, pois era com letra cursiva.
Acho que deveria ter um tipo de letra padrão a ser usada em todas as escolas, para não confundir a cabeça das crianças. Devido a essa confusão de tipos de escrita, tem pessoas que misturam a escrita de imprensa com a cursiva, e não é só criança que faz isso não.
Voltando ao texto, de inicio a escrita é considerada como composta de partes que forma um todo. Com isso a criança cria a hipótese da quantidade mínima, para ela uma palavra tem que ter o numero de letras de acordo com o tamanho do objeto que esta representando. Para a criança nesse período, os elementos gráficos são apenas peças necessárias para construir uma totalidade que se pode ler, porém para elas uma só letra não se pode ler só se for repetida varias vezes.
Mas tarde, quando a criança começa a controlar sistematicamente as variações na quantidade de grafias que compõem cada escrita que produzem, em algumas situações permite-lhe conseguir uma coordenação momentânea, porque a criança está compreendendo mais conhecimento sobre o objeto. Para que a assimilação ocorra é preciso tematizar (usar o que já se sabe para avançar no novo conhecimento), ou seja, tomar consciência.
A autora destaca quatro níveis de variação psicológicos da silaba. No primeiro nível, a silaba é utilizada em certas circunstancias sem que o sujeito consiga tirar partido deste saber, escreve, mas não sabe o que escreveu. No segundo nível a silaba começa a atuar como um indicador, a criança vê a silaba que já conhece e começa a “chutar” palavras que começam com a mesma silaba. No terceiro nível a silaba se converte em uma parte do nome, mas em uma parte não ordenada, ou seja, a criança já percebe que ali não esta escrita a palavra toda, só uma parte dela, mas não sabe qual parte. O quarto nível consiste em compreender que uma silaba é uma parte ordenada que refere a um todo, nesse nível a criança lê e identifica cada silaba da palavra, ou seja, sabe com que letra começa e termina certa palavra.
A relação entre as partes e o todo com referencia ao texto escrito não se resolve até que ocorra um novo tipo de equilibração (avanço no conhecimento). Trata-se agora das relações entre duas totalidades diferentes; as partes da palavra falada (sua silabas e a própria palavra); e as partes da palavra escrita (suas letras e a serie de letras como um todo).
No começo da escrita, as crianças se permitem repetir silabas, saltar letras ou tomar mais de uma silaba por vez para chegar ao final. Mas pouco a pouco, o procedimento se faz muito mais rigoroso, não há mais repetição de silabas e nem omissão de letras. Assim havendo uma correspondência qualitativa (sentido, significado). Porém não basta apenas escrever qualquer nome com a mesma quantidade de letras, pois não será possível ler.
Quando as crianças já são capazes de assimilar, alcançando assim um novo nível de equilibração, elas abandonam a hipótese silábica e começam a reconstruir o sistema de escrita sobre base alfabética.

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